Durante o mês de dezembro de 2022, o Projeto “Restauração da biodiversidade, conservação das águas e prevenção dos incêndios das áreas úmidas do Pantanal - Estação Ecológica de Taiamã”, conhecido como “Projeto Restaura Pantanal”, está realizando de plantio nas áreas de nascentes do Pantanal e na ESEC Taimã. Os incêndios de 2020 atingiram 35% desta unidade de conservação e 100% do entorno.
Uma preocupação da equipe para o plantio neste ano é a falta de chuva que geralmente estabiliza no mês de novembro, estando o nível de precipitação abaixo da média dos outros anos neste período, motivo para o plantio ter iniciado apenas em dezembro.
Abobral incendiado, os incêndios de 2020 atingiram 35% da unidade de conservação Estação Ecológica de Taiamã e 100% do entorno
O Projeto Restaura Pantanal é financiado pelo Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF) no âmbito do Projeto Estratégias de Conservação, Restauração e Manejo para a biodiversidade da Caatinga, Pampa e Pantanal (GEF Terrestre), que é coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) e tem o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) como agência implementadora e o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade - FUNBIO como agência executora). Técnicas de restauração estão ocorrendo em 24 hectares, na Estação Ecológica de Taiamã, no entorno como a ilha de Sararé, ao longo do rio Paraguai e áreas de nascentes do Pantanal. Atualmente diversos proprietários de áreas com nascentes estão solicitando adesão ao projeto.
O Pantanal está inserido na Bacia do Paraguai. Há uma conexão e dependência de águas desde a parte nas nascentes das cabeceiras onde está localizado o Planalto até as áreas úmidas que alagam anualmente formando a maior Planície Alagável continua do planeta.
O projeto Restaura Pantanal, reforça a importância de restaurar as nascentes que estão nas cabeceiras do Pantanal e as margens dos rios que abastecem o bioma. As águas dos rios Jauru, Cabaçal e Sepotuba, localizados à margem direita do Rio Paraguai, se deslocam até o Pantanal da ESEC Taiamã, que continuará seu curso passando por Mato Grosso do Sul e outros países até desaguar no oceano.
Se não recuperarmos e conservarmos as nascentes e rios do Pantanal, que estão sendo impactados negativamente por mudanças climáticas, uso inadequado do solo e diversos empreendimentos, nossas águas continuarão secando, sendo contaminadas e as vidas que dependem dessas áreas úmidas continuarão sofrendo os danos e até sendo perdidas, desde a biodiversidade até as comunidades humanas dependentes destas águas e território.
Equipe de plantio da Nascente e ESEC Taiamã
PLANTIO NAS NASCENTES DO PANTANAL
O plantio ocorre em duas áreas de nascentes, onde a sociedade da região foi convidada para participar de um Plantio Participativo no município de São José dos Quatro Marcos, tendo apoio e participação das prefeituras que integram o Consórcio Nascentes do Pantanal.
Instituto Gaia, UNEMAT e outras instituições de ensino acompanharão as atividades como a Escola Municipal Vereador Evilázio com 200 estudantes e professores. Danubia Leão e José Aparecido Macedo avaliam que a participação de jovens estudantes e diferentes grupos sociais como representantes dos comitês de bacia contribuem para que mudanças de atitudes levem a conservação desta bacia e consequentemente do Pantanal.
Mudas sendo transportadas para as nascentes
PLANTIO NA ESTAÇÃO ECOLÓGICA DE TAIAMÃ
O desfio da restauração no Pantanal está relacionado ao pulso de inundação. O ciclo anual de enchente, cheia e vazante é determinante para distribuição das espécies e fator condicionante para o sucesso do estabelecimento das plantas arbóreas das áreas atingidas pelos incêndios. Diversas pesquisas relacionadas a germinação e estabelecimento das espécies ocorreram antes do plantio.
Em outros biomas o plantio geralmente ocorre quando as chuvas se estabelecem, no pantanal além deste fator, as mudas plantadas no período da enchente ficarão submersas durante a cheia. O projeto prevê a importância de testar o plantio também no período da vazante.
Desafio da restauração em locais regidos pelo pulso de inundação
Na Estação Ecológica de Taiamã que inunda totalmente na época de cheia com exceção do local da sede, ocorrem dois macrohabitas de plantas arbóreas que são florestas poliespecíficas e florestas monoespecífica de Erythrina fusca conhecido por Abobral, que são lindas florestas que quando floridas deixam toda região com tom alaranjando e infelizmente tiveram muitos hectares perdidos nos incêndios que dificilmente voltarão a reestabelecer como tal sem processos de restauração. Nestes dois tipos de florestas estão ocorrendo o plantio de mudas, considerando as espécies que existiam ali anteriormente.
Nucleação com mudas, estacas e sementes
Nas florestas poliespecíficas estão acontecendo o enriquecimento e adensamento, no Abobral por estarem áreas mais baixas entre as técnicas, foram formados murunduns utilizando os próprios troncos e raízes tabulares das arvores mortas que criavam anteriormente condições para outras espécies estabelecerem em pequenos morrotes. Semeadura direta também ocorrerão na enchente e vazante.
Criação dos murunduns para aumentar a altura do terreno
O projeto “Restauração da biodiversidade, conservação das águas e prevenção dos incêndios das áreas úmidas do Pantanal - Estação Ecológica de Taiamã”coordenado pela Dra. Solange Ikeda Castrillon, professora e pesquisadora na UNEMAT. O Instituto Gaia é a instituição executora e tem como parceiros: UNEMAT, ESEC TAIAMà /ICMBIO, STTR, ECOPANTANAL, PELD DARP PANTANAL, COLONIA DE PESCADORES Z2, REDE PANTANEIRA e IFMT.
Plantio com diferentes grupos sociais, setor de turismo, pescadores e representante de Comitê de Bacia Hidrográfica