Cáceres, 12 de novembro de 2021.
Hoje dia 12 de novembro, estamos realizando um ato em defesa do Pantanal e do Rio Paraguai que é lembrado no dia 14 de novembro.
O Instituto Gaia e parceiros se reúnem todos os anos nesse período somando forças contra as ameaças que avançam a cada dia afetando as populações, as águas e toda a biodiversidade do Pantanal.
No período da manhã recordamos o fato ocorrido com o ambientalista Francelmo que ateou fogo em seu próprio corpo no ano de 2005, em luta contra um empreendimento a ser instalado no Pantanal. Em memória ao Francelmo foi plantada uma muda de jatobá, estiveram presentes as equipe do Viveiro Educador e Laboratório Educare, estudantes e professores da UNEMAT que receberam a visita do Deputado Lúdio Cabral e sua equipe.
Durante esta semana foram distribuídas cestas as famílias mais vulneráveis e as comunidades ribeirinhas com produtos agroecológicos advindos da agricultura familiar.
No período da tarde, na Praça Barão do Rio Branco, ocorreu a feira “Pela produção de alimentos saudáveis no Pantanal, Agroecologia em Áreas Úmidas”.
Durante o evento a Ingrid Leite, Instituto Gaia, e sua companheira Graziela recolheram alguns relatos das pessoas envolvidas nesse processo de mobilização e organização do evento:
Para Clóvis Vailant, instituto Gaia, nesse evento “fortalecemos as associações e cooperativas a partir de duas cooperativas base, a Coopersol de Cáceres e a Coopernossasenhora de Nossa Senhora do Livramento, estas cooperativas compraram os produtos dos agricultores que trariam estes produtos pra cá e nós distribuímos para a população. Ao invés de comercializarmos nós centralizamos para fazer a distribuição para esta população. Eles receberam um voucher no valor de 60 reais para ir compondo a cesta deles até dar este valor. São todos produtos de origem da agricultura familiar da região de Cáceres, Cuiabá, Livramento, Poconé... Temos aqui 50% da população ribeirinha e 50% da população em situação de vulnerabilidade social da cidade. Foram distribuídas ao todo 150 cestas. Em ação coletiva envolvendo a Coopernossasenhora e a Coopersol o Instituto Gaia e REESOLBIO - Rede de Empreendimentos da Economia Solidária e Produtos da Sociobiodiversidade a Rede de Comunidades Tradicionais Pantaneiras (Programa Humedales Sin Fonteras) foram distribuídas 3 toneladas de alimentos para a população em Cáceres. A ação faz parte das comemorações do Dia do Pantanal."
Sobre a importância desse movimento a Professora Solange Ikeda, professora da UNEMAT e umas das fundadoras do Instituto Gaia, relatou que: “dia 12 de novembro é dia do Pantanal, o dia do Pantanal é um marco em defesa desse sistema único que nós temos que é uma imensa área úmida, que agrega diferentes biodiversidades e pessoas nesse território. É importante também porque marca o dia dos defensores do Pantanal, o dia do Pantanal foi criado a partir de uma luta do Francelmo, jornalista, que deu sua vida em defesa do Pantanal. E esse é um dia que a gente marca para defender esse sistema que é tão lindo, mas que é muito frágil e que nesse momento está correndo muito risco, como os recentes incêndios que aconteceram em 2020.”
Sobre a organização do evento, o Professor João Ivo Puhl, instituto Gaia, informou que: “esta articulação que os produtores e também das organizações como as cooperativas Coopernossasenhora, Coopersol e as instituições como o Instituto Gaia, essa mobilização feita pelo Fé e Vida, e um conjunto das entidades de Cáceres, tem uma função educadora e de envolvimento das pessoas em processos práticos de organização. O resultado em termos de organização vai ser na medida que a gente conseguir fazer a continuidade desses processos. O investimento contínuo na educação ambiental, na educação para a produção do campo com produtos agroecológicos, orgânicos, é um processo lento de transição, porque houve um tempo que a agricultura tradicional fazia tudo sem veneno, sem produtos químicos, com sementes próprias, com as variedades e diversidades sociocultural e genética. Com modernização da agricultura muita gente desprezou essas práticas que foram se perdendo para muita gente. Hoje o trabalho é você recuperar a possibilidade de as pessoas terem as suas sementes crioulas, selecionadas, com a agregação de conhecimentos técnicos e também a organização na produção, mas também a possibilidade de colocar isso a venda, colocar isso no mercado. Na Coopersol estamos nesse processo, como uma cooperativa de consumidores que articula com esses produtores e valoriza a produção local, agroecológica e orgânica, sobre tudo a produção feita por grupos, de mulheres, de associações, de cooperativas, a continuação dessa oportunidade será importante para a consolidação dessas ações.”
A Ingrid Leite, instituto Gaia, partilhou seu sentimento nesse momento: “é um sentimento de partilha, que estamos aqui para mostrar toda vida que há no Pantanal, toda beleza que há no Pantanal, e mostrar que a solidariedade persiste, nós acreditamos na produção da agricultura familiar. A partir da produção de comida sã possamos compartilhar com todos do território e fortalecer a agricultura familiar, que é um modo de produção que tem a ver com nós aqui do Pantanal e áreas úmidas. Esse sentimento culmina hoje, com a entrega dos produtos a partir de uma cesta solidária que envolve diversas organizações do programa Humedales Sin Fronteras, coroa a festa do dia 12 de novembro que é a festa do dia do Rio Paraguai como um símbolo de resistência, de que existe beleza e estamos aqui para mostrar uma perspectiva que fortaleça todos os moradores de Cáceres e do Pantanal.”
O jovem Uirandi Artioli, instituto Gaia, também partilhou o seu sentimento sobre o dia de hoje e a atuação do instituto Gaia: “esse sentimento a gente não consegue explicar, porque a gente faz isso por amor e como é importante ver como as pessoas conseguem ir se auxiliando e construindo todo um evento que não é só de um, é de uma equipe toda. Conseguimos ver que no final um produto e como tudo isso é especial, as pessoas que estão aqui, as pessoas que moram no rio, todos os envolvidos. Quanto a atuação do instituto Gaia é de extrema importância, porque temos o contato com estas pessoas e conseguimos unir todas estas comunidades que vivem dentro do Pantanal. Entendemos que o Pantanal por inteiro é o a fauna, a flora e todas estas comunidades que estão inseridas dentro desse sistema. E com esse evento conseguimos ver como as pessoas que moram no Pantanal conseguem produzir alimentos sem o uso de agrotóxicos e a importâncias dessas pessoas para o Pantanal como um todo.”
O Valdileno, Rede de Comunidades Tradicional Pantaneira – Barão de Melgaço, partilhou seu sentimento no dia de hoje: “é uma imensa satisfação estar ajudando em um período tão difícil de pandemia estas famílias que hoje precisam de um pouco de cada coisa para levar para a sua mesa, alimentos saudáveis de ótima qualidade e isso traz muita alegria para Rede, uma satisfação enorme. São poucas pessoas atendidas ainda, principalmente no Pantanal como um todo, mas devagar esperamos conseguir muito mais, chegar aos 100% de pantaneiros e pantaneiras de nossos municípios.”
O Pedro Ponce, produtor da agricultura família e membro da Rede de Comunidades Tradicionais Pantaneira – Poconé, falou da importância e da sua colaboração no evento: “a gente fica muito satisfeito de ver essa ação, junto com as instituições trazendo alimentos saudáveis para a mesa dos pescadores e para as famílias da cidade de Cáceres. É uma grande satisfação da agricultura familiar estar trazendo esses produtos, que nesse período pandêmico com tantas pessoas estão passando necessidade, é muito gratificante fazer parte desse projeto.”
Instituto Gaia